domingo, 18 de março de 2007

Falsidade


Falsidade
Jose Antonio Jacob
Aventurei-me em sonho delirante
E vi passar, farsantes e risonhos,
Os que serão medonhos, doravante,
Na procissão errante dos meus sonhos.
Fui Alma peregrina da ilusão,
E segurei na mão que foi ferina,
Sofri a mais surdina humilhação
E vi que a humilhação também ensina.
Mas foi maior desgosto esta verdade:
Propor sinceridade e querer bem
Ao ente pressuposto da bondade.
E ver a crueldade mais além,
Pois, posto o amado rosto à claridade,
Eu vi a falsidade ali também.

Um comentário:

Anônimo disse...

Magnífico soneto, em versos de cassílabos, do poeta mineiro José Antonio Jacob, um dos ícones da atual poesia brasileira. Este soneto foi publicado no livro "Almas Raras" de José Antonio Jacob, Ed. América - artculturalbrasil - em 2007. A curiosidade deste soneto é de que ele é o único do livro, onde o poeta não usou a técnica clássica das rimas em ABAB nos dois primeiros quartetos. Outra curiosidade é que foram colocadas rimas entrelaçadas no meio dos versos. Uma extraordinária construção poética!

Alziro Oliveira